terça-feira, 9 de março de 2010

Lar


Na copa da floresta o tempo tece...
Tece um ralo de sonhos a quem olha...
Frémitos largos, cor do sol que desce
Boémio e loiro sobre cada folha.
Musgo no pé do que subiu mais alto.
A lenta e certa maldição dos limos...
Quem se liberta na ilusão de um salto,
Pega na terra a solidão dos cimos.

Porque a frescura do telhado verde
Tem um calmo destino:
Cobrir quem é de casa e não se perde
Nas malhas do seu sono menino.
Miguel Torga, Gerês, 26 de Julho de 1945, Diário III.

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