Das oito espécies de serpentes que existem no Parque Nacional da Peneda-Gerês apenas duas são potencialmente perigosas para o Homem: a Víbora-cornuda e a Víbora-de-Seoane.
As víboras são serpentes muito evoluídas, providas de um dispositivo para matar as suas presas de forma rápida e segura: um par de dentes móveis localizados na parte anterior da boca com os quais injectam veneno. A sua alimentação é constituída principalmente por pequenos ratos.
Por serem serpentes, e além disso venenosas, as víboras sempre foram considerados animais temíveis e perigosos, dando origem a mitos e lendas. No entanto há que considerar que a mordedura de uma víbora é sempre um caso acidental ou resultante de uma imprudência, pois é um animal tranquilo e tímido que apenas morde para capturar presas e para se defender.
As mordeduras não são frequentes e as suas consequências raramente são fatais. De qualquer forma, uma mordedura de víbora deverá ser considerada como um acidente grave que necessita de atenção médica urgente.
Embora possam ser perigosas para o Homem isso só acontece se forem directamente molestadas. Lembre-se que são animais raros e já existem há muitos milhões de anos, muito antes de o Homem aparecer na Terra. O veneno que injectam, quando mordem, serve-lhes apenas para paralisarem e digerirem as suas presas habituais.
O QUE FAZER EM CASO DE MORDEDURA
As víboras produzem venenos que numa primeira fase têm efeitos proteolíticos (necrose local) e coagulantes. Numa segunda fase podem verificar-se hemorragias locais. A gravidade da mordedura depende da quantidade de veneno injectado (que pode ser muito variável), do local atingido e da susceptibilidade da vítima (idade, peso e robustez física). Embora as víboras mais jovens injectem uma quantidade menor de veneno, este é mais concentrado.
A mordedura da vítima é sempre um acidente grave que exige assistência médica urgente. Uma das primeiras atitudes a tomar, é manter a calma e evitar quaisquer movimentações desnecessárias. Se a parte mordida for um membro (o que normalmente acontece) este deve ser imobilizado e a zona afectada deve ser limpa. Não devem realizar-se incisões nem usar torniquetes. Deve deslocar-se ao hospital mais próximo. As mordeduras das víboras raramente são fatais para o Homem.
Víbora-cornuda (Vipera latastei)
Foto: José Luís Borges
A Víbora-cornuda reconhece-se pela cabeça triangular e focinho proeminente (arrebitado). A sua coloração é pouco variável. Normalmente, sobre um fundo cinzento ou castanho escuro, desenha-se uma banda negra dorsal, em zigue-zague. O seu comprimento raramente excede os 60 cm.
Vive principalmente nas encostas bem expostas ao Sol, em zonas pedregosas cobertas por matos de densidade variável.
No Verão ela refugia-se do calor debaixo das pedras. Fica mais activa na Primavera e no Outono, hibernando no Inverno.
A sua distribuição é relativamente ampla no PNPG, contudo é mais abundante em certas áreas. Pare entre três a nove crias no final de Julho. Espécie protegida por lei, a sua captura é proibida.
Víbora de Seoane (Vípera-seoanei)
Habita principalmente as zonas de maior altitude, em planaltos e lameiros, matos abundantes, evitando zonas rochosas.
O seu período de actividade é semelhante ao da Víbora-cornuda mas mais intenso na Primavera. A sua área de distribuição é muito restrita no PNPG, mas muito abundante nos locais onde ocorre.
Pare entre quatro a dez crias no final de Agosto. É também uma espécie protegida por lei e proibida a sua captura.
COMO DISTINGUIR COBRAS DE VÍBORAS
Cobra
COBRA
- os adultos têm frequentemente mais de 1m de comprimento
- corpo fino e comprido
- cauda comprida
- cabeça oval diferenciando-se pouco do corpo
- escamas cefálicas grandes e bem definidas
- pupila redonda
- desenhos e tonalidades muito variáveis
VÍBORA
- os adultos não ultrapassam os 70cm
- corpo grosso e curto
- cauda curta
- cabeça triangular e bem diferenciada do corpo
- escamas cefálicas muito fragmentadas
- pupila vertical
- no dorso, sobre fundo cinzento, desenha-se em geral uma banda negra em zigue-zague.
Bibliografia
BRITO, José Carlos e CRESPO EG (CBA/FCUL), ICN/PNPG.
este site tá de parabens, nota 10.......
ResponderEliminarPr. Wellington Sampaio..
Muito obrigada Pr. Wellington Sampaio.
ResponderEliminarVolte sempre ao Espírito da Montanha.
Parabens a este site, pela excelente descrição que faz das víboras.
ResponderEliminarTenho 60 anos, moro em Brejos de Azeitão (concelho de Setúbal) e nunca tinha visto uma víbora.
Hoje ao fazer a minha habitual caminhada encontrei, já morta e ainda pequena (entre 30 e 35 cm), numa rua da urbanização onde vivo a cerca de cem metros da minha casa uma serpente, que logo achei estranha pela forma da cabeça e desenho da pele.
Vim pesquizar e ao ver as fotos neste site não tenho qualquer dúvida de que se trata mesmo de uma víbora, (a cornuda) pois é exactamente como as que aqui são mostradas. Também tenho de confessar que fico preocupado pois não imaginava que estes répteis andassem por aqui.
Simplesmente excelente.
ResponderEliminarexcelente
ResponderEliminarexcelente
ResponderEliminarExcelente Informação . Já me cruzei 2 ou 3 vezesno Gerês com a dita Vibora Cornuda, felizmente sem qualquer problema... cada um seguiu o seu caminho :) ! Mas há sempre aquele receio ... e se somos mordidos ?? Este artigo é muito bom para ajudar a esclarecer e afastar os medos . Obrigado .
ResponderEliminarÉ sempre bom partilhar, principalmente o que pode ser útil a muita gente.
EliminarObrigada a todos :)
Voltem sempre.
Espírito da Montanha
Parabéns pelo artigo, e força para novas publicações como esta, que são importantes, principalmente para os amantes da natureza e de locais únicos como o nosso Gêres.
ResponderEliminarFiquei ainda a saber que elas não habitam somente no Gêres, pelo comentário de que foi avistado um exemplar morto em Setúbal. Só fico preocupado se ela foi capturada no nosso parque natural e levada para ali.
Parabéns
Vítor Fernandes
Obrigada Vítor.
EliminarQuanto à eventual captura... fica a incógnita. Esperemos que não.
Saudações montanheiras.