quinta-feira, 1 de março de 2012

As víboras no Parque Nacional Peneda-Gerês

Das oito espécies de serpentes que existem no Parque Nacional da Peneda-Gerês apenas duas são potencialmente perigosas para o Homem: a Víbora-cornuda e a Víbora-de-Seoane.
As víboras são serpentes muito evoluídas, providas de um dispositivo para matar as suas presas de forma rápida e segura: um par de dentes móveis localizados na parte anterior da boca com os quais injectam veneno. A sua alimentação é constituída principalmente por pequenos ratos.
Por serem serpentes, e além disso venenosas, as víboras sempre foram considerados animais temíveis e perigosos, dando origem a mitos e lendas. No entanto há que considerar que a mordedura de uma víbora é sempre um caso acidental ou resultante de uma imprudência, pois é um animal tranquilo e tímido que apenas morde para capturar presas e para se defender.
As mordeduras não são frequentes e as suas consequências raramente são fatais. De qualquer forma, uma mordedura de víbora deverá ser considerada como um acidente grave que necessita de atenção médica urgente.

Embora possam ser perigosas para o Homem isso só acontece se forem directamente molestadas. Lembre-se que são animais raros e já existem há muitos milhões de anos, muito antes de o Homem aparecer na Terra. O veneno que injectam, quando mordem, serve-lhes apenas para paralisarem e digerirem as suas presas habituais.

O QUE FAZER EM CASO DE MORDEDURA
As víboras produzem venenos que numa primeira fase têm efeitos proteolíticos (necrose local) e coagulantes. Numa segunda fase podem verificar-se hemorragias locais. A gravidade da mordedura depende da quantidade de veneno injectado (que pode ser muito variável), do local atingido e da susceptibilidade da vítima (idade, peso e robustez física). Embora as víboras mais jovens injectem uma quantidade menor de veneno, este é mais concentrado.
A mordedura da vítima é sempre um acidente grave que exige assistência médica urgente. Uma das primeiras atitudes a tomar, é manter a calma e evitar quaisquer movimentações desnecessárias. Se a parte mordida for um membro (o que normalmente acontece) este deve ser imobilizado e a zona afectada deve ser limpa. Não devem realizar-se incisões nem usar torniquetes. Deve deslocar-se ao hospital mais próximo. As mordeduras das víboras raramente são fatais para o Homem.

Víbora-cornuda (Vipera latastei)

A Víbora-cornuda reconhece-se pela cabeça triangular e focinho proeminente (arrebitado). A sua coloração é pouco variável. Normalmente, sobre um fundo cinzento ou castanho escuro, desenha-se uma banda negra dorsal, em zigue-zague. O seu comprimento raramente excede os 60 cm.
Vive principalmente nas encostas bem expostas ao Sol, em zonas pedregosas cobertas por matos de densidade variável.
No Verão ela refugia-se do calor debaixo das pedras. Fica mais activa na Primavera e no Outono, hibernando no Inverno.
A sua distribuição é relativamente ampla no PNPG, contudo é mais abundante em certas áreas. Pare entre três a nove crias no final de Julho. Espécie protegida por lei, a sua captura é proibida.


Víbora de Seoane (Vípera-seoanei)

A Víbora-de-Seoane tem uma cabeça menos triangular e a extremidade do focinho não é proeminente, como acontece na Víbora-cornuda. A sua coloração varia imenso. O desenho dorsal tanto pode ser uma banda negra em zigue-zague, como duas bandas longitudinais. Em alguns casos chega a ser completamente negro. Raramente excede os 50 cm de comprimento.
Habita principalmente as zonas de maior altitude, em planaltos e lameiros, matos abundantes, evitando zonas rochosas.
O seu período de actividade é semelhante ao da Víbora-cornuda mas mais intenso na Primavera. A sua área de distribuição é muito restrita no PNPG, mas muito abundante nos locais onde  ocorre.
Pare entre quatro a dez crias no final de Agosto. É também uma espécie protegida por lei e proibida a sua captura.


COMO DISTINGUIR COBRAS DE VÍBORAS


Cobra

COBRA                                   
- os adultos têm frequentemente mais de 1m de comprimento     
- corpo fino e comprido 
- cauda comprida
- cabeça oval diferenciando-se pouco do corpo
- escamas cefálicas grandes e bem definidas
- pupila redonda
- desenhos e tonalidades muito variáveis


VÍBORA
- os adultos não ultrapassam os 70cm
- corpo grosso e curto
- cauda curta
- cabeça triangular e bem diferenciada do corpo
- escamas cefálicas muito fragmentadas
- pupila vertical
- no dorso, sobre fundo cinzento, desenha-se em geral uma banda negra em zigue-zague.

Bibliografia
BRITO, José Carlos e CRESPO EG (CBA/FCUL), ICN/PNPG.



10 comentários:

  1. este site tá de parabens, nota 10.......
    Pr. Wellington Sampaio..

    ResponderEliminar
  2. Muito obrigada Pr. Wellington Sampaio.
    Volte sempre ao Espírito da Montanha.

    ResponderEliminar
  3. Parabens a este site, pela excelente descrição que faz das víboras.
    Tenho 60 anos, moro em Brejos de Azeitão (concelho de Setúbal) e nunca tinha visto uma víbora.
    Hoje ao fazer a minha habitual caminhada encontrei, já morta e ainda pequena (entre 30 e 35 cm), numa rua da urbanização onde vivo a cerca de cem metros da minha casa uma serpente, que logo achei estranha pela forma da cabeça e desenho da pele.
    Vim pesquizar e ao ver as fotos neste site não tenho qualquer dúvida de que se trata mesmo de uma víbora, (a cornuda) pois é exactamente como as que aqui são mostradas. Também tenho de confessar que fico preocupado pois não imaginava que estes répteis andassem por aqui.

    ResponderEliminar
  4. Excelente Informação . Já me cruzei 2 ou 3 vezesno Gerês com a dita Vibora Cornuda, felizmente sem qualquer problema... cada um seguiu o seu caminho :) ! Mas há sempre aquele receio ... e se somos mordidos ?? Este artigo é muito bom para ajudar a esclarecer e afastar os medos . Obrigado .

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É sempre bom partilhar, principalmente o que pode ser útil a muita gente.
      Obrigada a todos :)
      Voltem sempre.

      Espírito da Montanha

      Eliminar
  5. Parabéns pelo artigo, e força para novas publicações como esta, que são importantes, principalmente para os amantes da natureza e de locais únicos como o nosso Gêres.
    Fiquei ainda a saber que elas não habitam somente no Gêres, pelo comentário de que foi avistado um exemplar morto em Setúbal. Só fico preocupado se ela foi capturada no nosso parque natural e levada para ali.
    Parabéns

    Vítor Fernandes

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada Vítor.
      Quanto à eventual captura... fica a incógnita. Esperemos que não.

      Saudações montanheiras.

      Eliminar