“Oh, como me sinto feliz! Sou um privilegiado por ter acesso a um lugar como este… por poder contemplá-lo. O meu maior privilégio é apreciar esta grandiosa, deslumbrante paisagem, experimentar uma aprazível e reconfortante sensação de aproximação a algo místico que não consigo definir. Algo que aprisiona os meus sentimentos mas que, simultaneamente, por momentos, liberta o meu espírito das profundas inquietudes em que vive o ser humano.
Aqui neste sítio como em nenhum outro, seja ele o interior de um templo onde a existência de uma divindade é, em princípio, mais e melhor compreendida pelos crentes, sem livros sagrados ou outros, sem profetas, sem padres e sem sermões, apenas pelo quadro natural que se estende à frente dos meus olhos, sinto a presença de um Ser supremo que pode muito bem ser o Deus da criação. Aqui neste micro mas encantador lugar do planeta, afastado das novas e grandes cidades e vilas, autênticas florestas impessoais de betão; do frenesim e egoísmo dos homens, verdadeiros escravos do dinheiro e do tempo; aqui onde a Mãe Natureza mantém intactas as suas características naturais; aqui onde se pode apreciar em plenitude o nascer e o pôr-do-sol; aqui onde as horas, os minutos e os segundos apenas contam para o natural devir e porvir das coisas, faz despertar em mim um sentimento de incomensurável dimensão espiritual."
Pontes Oliveira, in Correio do Minho
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