segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Ponte da Misarela ou Ponte do Diabo e a sua lenda

A ponte da Misarela não deve ser conhecida apenas pela
sua lenda nem por ser um sítio de beleza admirável ou
simples cartaz turístico. É um local histórico que nos
honra como povo amante da liberdade e cioso do seu
sagrado chão.
As numerosas forças napoleónicas foram aqui acossadas,
na muito tempestosa noite de dezasseis de Maio de 1809,
às mãos de 800 paisanos barrosões, que esperaram em
vão a chegada de reforços, porque as tropas anglo –
portuguesas de Wellesley nunca chegaram. Desse facto
há ecos no cancioneiro popular:

“Chorai meninas de França,
Chorai por vossos maridos,
Na ponte da Misarela
eram mais mortos que vivos!”

A ponte deve também ser recordada porque lá se deu,
em 25 de Janeiro de 1827, um recontro importante
entre as tropas realistas do general Silveira e as tropas
constitucionais do coronel Zagalo.
Ainda na Misarela, no dia 18 de Setembro de 1838, se
feriu a cruenta batalha em que os liberais, liderados
pelo General Antas, derrotaram as tropas cartistas do
marechal Saldanha, do duque da Terceira e do barão de
Leiria.
In Montalegre, Baptista, José Dias






Lenda da Ponte da Misarela
Conta-se que um fugitivo da justiça vivia escondido
junto ao rio Rabagão. Desesperado por não conseguir
passar o rio quando foi descoberto, pediu a Deus ou ao
Diabo para que lhe aparecesse uma ponte. Para espanto
do homem, no mesmo instante, apareceu a ponte e
o diabo que lhe disse que o deixava passar desde que
lhe vendesse a sua alma. Como o homem estava aflito
aceitou e lá passou. Passado algum tempo, arrependido,
confessou-se ao padre e este prontificou-se a resgatar
a sua alma. Decidiu então apelar ao Diabo, tal como o
fugitivo tinha feito e assim que este surgiu deitou-lhe
água benta, fazendo com que desaparecesse.
Como a ponte ficou benzida, o povo começou a acreditar
que lá se faziam milagres e desde aí, os casais que não
conseguiam vingar os filhos, iam para a ponte antes da
meia-noite, acendiam uma fogueira e esperavam até
passar a primeira pessoa para lhe baptizar o filho no
ventre materno.
Quando aparecesse alguém que quisesse batizar o
filho, o padrinho ou a madrinha colhiam água debaixo
da ponte e celebravam o batizado dizendo: “Eu te
batizo criatura de Deus, pelo poder de Deus e da Virgem
Maria. Se fores rapaz serás Gervaz(io), se fores rapariga
Senhorinha.”
Será que a lenda tem um fundo de verdade? Não se
sabe! A verdade é que em Barroso há muitos Gervásios
e muitas Senhorinhas.








Um local a visitar, quer pela sua beleza, quer pela sua tradição histórica. 

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